Queridos catequistas,
Meu coração se alegra por esta oportunidade de encontro com vocês,
meus colaboradores no Ministério da Evangelização. É importante lembrar que a catequese é um
pilar para a educação da fé, e precisamos de bons catequistas! Obrigada por
este serviço à Igreja e na Igreja. Mesmo se às vezes possa ser difícil,
trabalha-se tanto, empenha-se e não se veem os resultados desejados, educar na
fé é belo! Ajudar as crianças, os adolescentes, os jovens, os adultos a
conhecer e a amar sempre mais o Senhor é uma das aventuras educativas mais
belas, constrói-se a Igreja! “Ser” catequistas! Vejam bem, não disse “fazer” os
catequistas, mas “sê-lo”, porque envolve a vida. Conduz-se ao encontro com
Jesus com as palavras e com a vida, com o testemunho. E “ser” catequistas
requer amor, amor sempre mais forte por Cristo, amor pelo seu povo santo. E
este amor, necessariamente, parte de Cristo.
O que significa este partir de Cristo para um catequista, para
vocês, também para mim, porque também eu sou um catequista?
1. Primeiro de tudo, partir de Cristo significa ter familiaridade
com Ele. Jesus o recomenda com insistência ao discípulos na Última Ceia, quando
estava prestes a viver o dom mais alto do amor, o sacrifício da Cruz. Jesus
utiliza a imagem da videira e dos ramos e diz: permaneçam no meu amor,
permaneçam ligados a mim, como o ramo está ligado à videira. Se somos unidos a
Ele, podemos dar frutos, e esta é a familiaridade com Cristo.
A primeira coisa, para um discípulo, é estar com o Mestre,
escutá-lo, aprender com Ele. E isto vale sempre, é um caminho que dura toda a
vida! É muito importante permanecer na presença do Senhor, deixar-se olhar por
Ele. E isto aquece o coração, mantém aceso o fogo da amizade, te faz sentir que
Ele verdadeiramente te olha, está próximo a você e te quer bem. Entendo que
para vocês não é assim simples: especialmente para quem é casado e tem filhos,
é difícil encontrar um tempo longo de calma. Mas, graças a Deus, não é necessário
fazer tudo do mesmo modo; na Igreja há variedade de vocações e variedade de
formas espirituais; o importante é encontrar o modo adequado para estar com o
Senhor; e isto se pode, é possível em toda etapa da vida. Neste momento, cada
um pode se perguntar: como vivo este “estar” com Jesus? Tenho aqueles momentos
em que permaneço na sua presença, em silêncio, deixo-me guiar por Ele? Deixo
que o seu fogo aqueça o meu coração? Se no nosso coração não há o calor de
Deus, do seu amor, da sua ternura, como podemos nós, pobres pecadores, aquecer
os corações dos outros?
2. O segundo elemento é este: partir de Cristo significa imitá-Lo no
sair de si e ir ao encontro do outro. Esta é uma experiência bela, e um pouco
paradoxal. Por que? Porque quem coloca no centro da própria vida Cristo sai do
centro! Mais se une a Jesus e Ele se torna o centro da tua vida, mais Ele te
faz sair de ti mesmo, te descentraliza e te abre aos outros. Este é o
verdadeiro dinamismo do amor, este é o movimento do próprio Deus! Deus é o centro,
mas é sempre doação de si, relação, vida que se comunica… Assim nos tornamos
também nós se permanecemos unidos a Cristo, Ele nos faz entrar neste dinamismo
do amor. Onde há verdadeira vida em Cristo, há abertura ao outro, há saída de
si para ir ao encontro do outro em nome de Cristo.
O coração do catequista vive sempre esse movimento de: união com
Jesus, encontro com o outro. Se falta um destes dois movimentos não bate mais,
não vive. Recebe como dom o Kerigma, e por sua vez o oferece como dom. É esta a
natureza do próprio Kerigma: é um dom que gera missão, que impulsiona sempre
para fora de si mesmo. São Paulo dizia: “O amor de Cristo nos impulsiona”, mas
este “nos impulsiona”, pode se traduzir também em “nos possui”. É assim:
o amor te atrai e te envia, te toma e te doa aos outros. Nesta tensão se move o
coração do cristão, em particular o coração do catequista: união com Jesus e
encontro com o outro? Se alimenta no relacionamento com Ele, mas para levá-Lo
aos outros?
3. O terceiro elemento está sempre nessa linha: partir de Cristo
significa não ter medo de ir com eles às periferias. Lembremo-nos da história
de Jonas, uma figura verdadeiramente interessante, especialmente nos nosso
tempos de mudanças e incertezas. Jonas é um homem piedoso, com um a vida
tranquila e organizada, isso o leva a ter os seus esquemas bem claros e a
julgar tudo e todos com estes esquemas, de modo rígido. Por isso, quando o
Senhor o chama e lhe diz para ir a Nínive, a grande cidade pagã, Jonas não quer
ir. Nínive está fora de seus esquemas, é a periferia de seu mundo. E então, ele
escapa, foge, embarca em um navio que vai para longe. Releiam o livro de Jonas!
É breve, mas é uma palavra muito instrutiva, especialmente para nós que estamos
na Igreja.
Que coisa nos ensina? Nos ensina a não ter medo de sair dos nosso
esquemas para seguir a Deus, porque Deus vai sempre além, Deus não tem medo das
periferias. Deus é sempre fiel e criativo, não é fechado e por isso nunca é
rígido, nos acolhe, nos vem ao encontro, nos compreende. Para ser fiel, para
ser criativo, é necessário saber mudar. Para permanecer com Deus necessita
saber sair, não ter medo de sair. Se um catequista se deixa dominar pelo medo,
é um covarde; se um catequista está tranquilo ele acaba sendo uma estátua de
museu; se um catequista é rígido se torna estéril. Provoco a vocês: alguém quer
ser um covarde, estátua de museu ou estéril?
Mas atenção! Jesus não diz: ide, e se virem. Não! Jesus disse: Ide,
eu estou convosco! Essa é a nossa beleza e a nossa força. Se nós partimos, se
saímos para levar o seu Evangelho com amor, com verdadeiro espírito
apostólico, Ele caminha conosco, nos precede, é o primeiro sempre. Vocês
aprenderam o sentido dessa palavra. E isso é fundamental para nós: Deus sempre
nos precede! Quando pensamos estar longe, em uma extrema periferia, e
talvez temos um pouco de temor, na verdade Ele já está lá. Jesus nos espera no
coração daquele irmão, em sua carne ferida, em sua vida oprimida, em sua alma
sem fé. Jesus está ali, naquele irmão. Ele sempre nos precede.
Caros catequistas, só tenho a
agradecer vocês, obrigado por aquilo que fazem, mas, sobretudo, porque vocês
estão na Igreja, no Povo de Deus em caminho. Permaneçamos com Cristo,
procuremos ser sempre uma só coisa com Ele; O sigamos imitando-O em seu
movimento de amor, no seu ir ao encontro do homem; e saiamos, abramos as
portas, tenhamos a audácia de trilhar novas estradas para o anúncio do
Evangelho!
Que
o Bom Deus lhes dê perseverança e coragem! Vos abençoe, Ilumine e Guarde. Um
grande abraço!!!
Pe. Antonio Alves
Pároco